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terceira edição do Festival Sul-Americano da Cultura Árabe – que será realizado entre 18 e 31 de março, nas cidades de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro – incluiu na programação oficial a leitura dramática encenada de Mohamed, o latoeiro”, de Gilberto Abrão. A obra, publicada pela Primavera Editorial, está sendo adaptada para o teatro pelo ator Yunes Chami. A leitura está prevista para o sábado, 31 de março, às 16 horas, no Espaço Bibliaspa (rua Baronesa de Itu, 639 – São Paulo).
De 18 a 31 de março, as cidades de São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro serão “invadidas” por eventos que disseminam a diversidade da cultura árabe. O III Festival Sul-Americano da Cultura Árabe trará cinema, exposições, fotografia, colóquios, música, teatro, palestras, dança, artes plásticas, contação de histórias, caligrafia árabe e literatura com o objetivo de promover uma reflexão sobre as contribuições dos imigrantes no Brasil e fortalecer o vínculo entre a América do Sul e os países árabes. A proposta central é dar visibilidade a questões como o respeito à cultura e aos laços históricos, incentivando uma cultura de paz por meio da aproximação dos povos. No Brasil, a influência dos povos árabes é nítida – o país abriga mais de 16 milhões de árabes e descendentes, sendo que 2,5 milhões vivem em São Paulo. Os eventos acontecem em centros culturais e de pesquisa, escolas, cineclubes, universidades e associações. A programação completa pode ser acessada no site: http://www.festivaldaculturaarabe.org/
Como parte do encerramento do III Festival Sul-Americano da Cultura Árabe, o ator Yunes Chami fará uma leitura dramática encenada do livro Mohamed, o latoeiro, do escritor Gilberto Abrão. Yunes – que está adaptando a obra para o teatro com o apoio da Bibliaspa – fará a apresentação em 31 de março, às 16 horas, no Espaço Bibliaspa (rua Baronesa de Itu, 639 – São Paulo).
Mohamed
“Mohamed, o latoeiro” marcou a estreia do escritor Gilberto Abrão, que aos 10 anos foi enviado ao Líbano pelos pais para estudar o idioma árabe e aprender mais sobre a cultura e a religião muçulmana. Educado em dois mundos distintos, o árabe e o brasileiro, o autor usou sua história de vida para transpor para o papel a trajetória de Mohamed, um jovem imigrante sírio que chega ao Brasil no início do século passado. Por meio da trajetória de Mohamed, Gilberto Abrão mostra com maestria que os pontos decisivos da existência humana não decorrem dos fatos, sim de revisões que usamos para falar da própria vida.
Mohamed Ibrahim Othman é latoeiro, mas poderia ser pastor de cabras, vendedor de frutas, mascate. Longe de ser um herói, o protagonista é um homem com profundas contradições e dilemas; uma pessoa que traz as marcas da transição de uma sociedade conservadora para uma estrutura social contemporânea, globalizada. A história de Mohamed se passa no cotidiano, espaço e tempo em que amamos, temos filhos, fazemos amigos e nos separamos. O ponto de partida é o vilarejo natal, onde a vida era regrada pelas tradições familiares e árabes. Ao chegar no Ocidente, o protagonista se depara com uma realidade muito diferente da relatada por parentes que já viviam aqui. Diante do desafio de conseguir algum tipo de trabalho, Mohamed fez de tudo um pouco até estabelecer-se como latoeiro. Conforme os anos iam passando, a saudade da família na Síria só aumentava o desejo de voltar para o local da infância. Entretanto, atrelado ao dia a dia, foi criando raízes na nova terra e misturando a cultura árabe com a brasileira.
O choque cultural e religioso é apenas um vértice da trajetória de Mohamed e de Gilberto Abrão (nascido em Curitiba, em 1943) – que fez o caminho inverso ao do protagonista, indo do Brasil ao Líbano. Educado em um bairro simples de Curitiba, habitado por imigrantes poloneses, ucranianos, italianos, alemães e alguns sírio-libaneses, aos 10 anos Gilberto Abrão foi enviado pelo pai ao Líbano com a missão de aprender o idioma árabe, a cultura e a religião muçulmana. “Voltei aos 14 anos, fui estudar à noite e trabalhar durante o dia. O colégio não tinha boa fama, pois aceitava alunos já crescidos, rejeitados ou expulsos de outras escolas. No entanto, o prédio anexo à escola abrigava a Faculdade de Direito de Curitiba, onde acompanhei brilhantes conferências de renomados intelectuais e políticos, de diferentes vertentes e posições partidárias, das décadas de 1950 e 1960”, detalha o autor. “Rato de biblioteca”, Abrão leu os grandes clássicos da literatura nacional e mundial – de Machado de Assis a Franz Kafka – além
velhos jornais de Angola e Moçambique.
Em 1962, o autor se alistou como voluntário das Forças de Emergência das Nações Unidas para guarnecer as fileiras de soldados que atuavam na fronteira entre o Egito e Israel. Por ser fluente em árabe e inglês permaneceu por 14 meses na Faixa de Gaza. Apaixonado por uma gaúcha, retornou a Curitiba em janeiro de 1965 para lecionar inglês em uma grande escola de idiomas. No ano seguinte, após obter o licenciamento para abrir uma franquia dessa escola de inglês, migrou para a cidade de Novo Hamburgo (RS). No início da década de 1970 iniciou o “namoro” com a literatura ao colaborar com o jornal Zero Hora, no qual publicava crônicas e contos na coluna Sol e Chuva. “Até me aventurei a tecer comentários políticos e tive a honra de ser censurado pela direção do jornal, que nessas ocasiões colocava anúncios em substituição à coluna”, conta.
PRIMAVERA EDITORIAL
Com a proposta de ser uma “butique de livros”, a Primavera Editorial estimula o hábito da leitura com conteúdos prazerosos, inteligentes e instrutivos. Investir em novos autores nacionais e estrangeiros tem sido uma das estratégias adotadas pela editora. Com diferentes linhas editoriais como romances históricos e sociais, ficção brasileira e estrangeira e policiais, as obras editadas são associadas à inovação e ao pioneirismo dos conteúdos, além da qualidade da produção gráfica.
As obras de ficção oferecem a possibilidade de “viver emoções” que não fazem parte do “enredo” cotidiano dos leitores; os livros publicados pelos selos EDU, BIZ e PSI são instrumentos de aprimoramento pessoal e profissional. A Primavera Editorial é presidida por Lourdes Magalhães.
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