quarta-feira, 14 de março de 2012

Aula de literatura latino-americana com Sergius Gonzaga

Do:
     Jornal JÁ


 
Sergius Gonzaga
O professor, escritor, e atual secretário municipal da Cultura, Sergius Gonzaga, procurará, nesta quinta, 15/03, às 19h, em aula aberta, gratuita, na Casa das Ideias (Shopping Total, Alameda dos escritores, prédio 2, 4º andar), responder a esta complexa pergunta: O que você deve ler para conhecer a literatura latino-americana?

Trata-se de um conceito que, geralmente, refere-se à literatura produzida pelos países de língua hispânica, alijando do seu bojo escritores de língua portuguesa e francesa, problemática que, certamente, será debatida.
Durante a aula, Gonzaga falará sobre livros de autores como os argentinos Jorge Luis Borges e Julio Cortazar, o colombiano Gabriel Garcia Marques, o cubano Alejo Carpentier, os mexicanos Juan Rulfo e Carlos Fuentes, o peruano Mario Vargas Llosa, e o uruguaio Juan Carlos Onnetti.
Mario Vargas Llosa


Julio Cortazar

Gonzaga, que atualmente prepara uma tese de doutorado sobre Vargas Llosa, lembra que – antes do golpe que derrubou Isabelita Perón, em 1976 – o centro destas discussões sobre a literatura latino-americana era Buenos Aires, tendo como núcleo a revista Crisis.

Esta revista – que durou três anos, com quarenta números publicados – teve em sua direção editorial o romancista Ernesto Sábato, e Eduardo Galeano como coordenador de jornalismo. Galeano cujo livro As veias abertas da América Latina serviu de modelo a toda uma geração que enveredou em busca de informações sobre a formação dos povos ibero-americanos.

Eduardo Galeano

Também foi um período em que esteve em voga à escola literária conhecida como Realismo mágico, cujo estilo o romance Cem anos de solidão, de Garcia Marques, é considerado uma das obras mais representativas. Numa época de regimes militares e forte censura, o realismo mágico, utilizando a fantasia como metáfora, era uma forma de resistência e veiculação de ideias que não poderiam ser articuladas de maneira explícita.

Gabriel Garcia Marquez

Mais do que uma visita ao passado – já que a maioria dos escritores enfocados ou morreram ou perderam seu vigor criativo – Gonzaga pretende incitar, principalmente entre o público jovem, a curiosidade e a busca de conhecimento através de obras pontuais como, por exemplo: Aleph e Ficções, de Borges; O chão em chamas e Pedro Páramo, de Juan Rulfo; Cem anos de solidão ou Crônica de uma morte anunciada, de Garcia Marques; ou A cidade e os cachorros e A guerra do fim do mundo, de Vargas Llosa.

Este último escritor – quando esteve em Porto Alegre, em outubro de 2010, após ganhar o prêmio Nobel, participando do evento Fronteiras do Pensamento – salientou em sua conferência que a cultura, ao contrário da ciência, não se fundamenta pela noção de progresso, onde o novo aniquila o velho. Dessa forma, Miguel de Cervantes é tão atual quanto Borges.

Enfim, é tempo, segundo Gonzaga, de voltar a percorrer os caminhos de nuestra América, termo que, entre os anos 60 e 70 do século passado, agregava cultura, luta, resistência, revolução e, também, boa literatura.

Por:
      Franciso Ribeiro

 http://www.jornalja.com.br/2012/03/14/aula-de-literatura-latino-americana-com-sergius-gonzaga/

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